Enquanto eu acompanhava equipe Global da URI e da região MENA (Oriente Médio e Norte da África) em viagem pela Jordânia, chegamos ao histórico e inspirador deserto de rosas vermelhas de Wadi Rum, também conhecido como a terra do povo Beduíno. Essa paisagem cinematográfica, plano de fundo de filmes famosos como Lawrence da Arábia, Guerra nas Estrelas e O Marciano, é a terra natal da heroína local e ativista Beduína, a Sra. Wejdan.
A Sra. Wejdan é uma artista autodidata que utiliza recursos naturais locais, tais como troncos de madeira e pó de café, além de outras ferramentas comuns, para produzir sua arte. Por meio de seus desenhos e pinturas, ela retrata a antiga cultura Beduína. Seu trabalho artístico destaca momentos importantes da cultura de seus ancestrais e tem como objetivo manter vivas as tradições de seu povo.

E isso não é tudo! Enquanto a Sra. Wejdan trabalha para manter vivas suas tradições, ela também usa a arte para chamar a atenção para a necessidade de mudanças culturais, quebrando tradições, ao abordar especificamente os diferentes tipos de violência (social, econômica, física) praticados contra as mulheres de sua comunidade.
A equipe da URI visitou a Albadiya for Intercultural Dialogue Initiative (AIDI), uma organização comunitária e Círculo de Cooperação da URI, liderada por seu tio, o líder Beduíno local, Khalad Al Gazi. Durante essa visita, a Srta. Wejdan apresentou seus desenhos que denunciam a violência sofrida pelas mulheres de sua cultura.
Um dos pontos altos de suas criações foi o trabalho artístico para a campanha de mídia social que ela criou em homenagem aos 16 dias contra a violência de gênero. Esse trabalho corajoso e inspirador, publicados nas redes sociais, chamou a atenção do mundo todo. Ela foi condenada ao ostracismo por algumas pessoas que não querem ver as mulheres empoderadas; e foi elogiada por muitas outras mulheres que se sentiram representadas e inspiradas por sua arte-denúncia.

É incrível como pequenas atitudes podem ter um longo alcance. Um simples papel de lona branca se transforma em um escudo contra a violência de gênero nas mãos dessa ativista ,que eleva a situação e as vozes de tantas pessoas em sua cultura, e é ouvida pelo mundo todo.
Como mulher e artista que também sou, me senti inspirada pela coragem de seu ativismo, e senti o dever de destacar sua história neste mês de março, quando celebramos as mulheres e reconhecemos a liderança feminina em todos os países e culturas.
**Texto produzido para o site da URI. Para acessar o conteúdo original, clique aqui.