A segunda Lei da Física nos ensina que dois objetos não podem ocupar o mesmo espaço. Mas será que pensamentos diferentes podem ocupar a mesma mente? Um coração pode amar mais de uma alma ao mesmo tempo? Uma nação pode se unir apesar de suas diferenças de crenças religiosas?
Sim, é possível! E podemos tomar a Jordânia como exemplo disso. Por estar geograficamente localizada entre o Oriente Médio e o norte da África, a Jordânia tem em suas raízes uma convergência natural de crenças. A maioria de sua população é Muçulmana e, embora ainda seja uma minoria, o Cristianismo desempenha um papel importante na construção de uma identidade cultural nacional.
Como você pode ver, essas duas religiões coexistem na mesma região geográfica do mapa mundial; e embora a coexistência não seja uma questão de escolha (já que não podemos escolher onde nascer, por exemplo), coexistir em paz e harmonia é.
Quando eu acompanhei a equipe de Liderança Global da URI em sua visita pela Jordânia, em março passado, fomos recebidos pelo Revmo. Pe. Nabil D. Haddad, Fundador e Diretor Executivo do Centro de Pesquisa de Coexistência Inter-Religiosa da Jordânia, em sua igreja, em Amã (capital da Jordânia). Tivemos a oportunidade de ouvir sua experiência de convivência pacífica, por ser um líder respeitado tanto pela minoria religiosa local (Cristãos) quanto pelos líderes políticos e religiosos da maioria (Muçulmanos).
Isso se deve ao fato de ele entender que Amã está "sendo chamada para ser a cidade do amor fraternal". A missão deles (os Cristãos) é contribuir para a construção de uma convivência pacífica em um país onde a coexistência é a regra natural que não pode (e não deve) ser mudada.
Como poderíamos nos gabar de 2000 anos de presença Cristã, 1400 anos de coexistência Islâmico-Cristã sem dar crédito aos meus vizinhos Muçulmanos? Vivemos de forma amigável aqui na Jordânia. Sim, nós vivemos. [...] O cristianismo me ensina a amar a todos. E posso discutir com qualquer Muçulmano que diga algo diferente sobre o Islã".
Rev. Pe. Nabil D. Haddad
Embora não possamos desafiar as leis da física, que possamos aproveitar esse fato - bem como a experiência de liderança do Padre Nabil - como uma oportunidade para nos inspirarmos a nos unir no mundo, abraçando nossas diferenças de crenças, fés e credos - como um só -, para que possamos todos (co)nviver nesse mesmo espaço terreno, juntos e em paz.
* O Islã e o Cristianismo são as (únicas) duas religiões oficialmente reconhecidas pela Majestade da Jordânia, o Rei Abdullah II, e seu Reino, apesar da existência de fiéis de credos e religiões diferentes das oficiais.
**Texto produzido para o site da URI. Para acessar o conteúdo original, clique aqui.