De que forma você tem alimentado seu corpo, alma e relações?
Orgânico - palavra adjetiva, do Grego Organikos e Latim Organicu - é, entre outros significados, "tudo aquilo que tem o caráter de um desenvolvimento natural, inato, em oposição ao que é ideado, calculado" (Aurélio Digital).
Orgânicos são os alimentos que tenho buscado consumir para alimentar meu corpo, e também alma e espírito. Orgânica é a forma que procuro me relacionar com as pessoas, seres e energias. Orgânicas são as relações que tenho construído e nutrido.
Desse princípio e dessa busca nasceu, de forma completamente orgânica, a parceria com o Do Campo a Cozinha - um sítio escola que tem como premissa facilitar processos de aprendizagem com a natureza -, e a amizade com sua fundadora, Mari Basile. Relações que nasceram naturalmente e que têm sido regadas por valores em comum; o da organicidade das coisas, alimentos, relações. E do propósito de vivermos em harmonia com a Mãe Natureza, de maneira que essa, a Natureza, permaneça sempre viva, e suas florestas, de pé.
Do encontro, que aconteceu na Floresta Amazônica Acreana, surgiu a oportunidade de acompanhar a Mari em sua busca por conhecimento sobre a agroecologia - fundamento existencial de seu negócio, o Do Campo a Cozinha -, e registrar a vivência de um dia em uma tradicional Casa de Farinha, liderada por Maria Rosa e sua família, moradores ribeirinhos do Parque Nacional da Serra do Divisor (divisa entre o Acre e o Perú).
Aqui compartilho os registros que fiz do processo de transformação da mandioca (ou macaxeira, como chamamos em minha terra natal, o Maranhão) em seus diversos alimentos, tais como a farinha, a mandioca cozida, a tapioca (ou beiju) e também o jabuti (uma espécie de tapioca mais encorpada e que leva côco, e que nada tem a ver com o animal habitante natural do PNSD).
Alimentos esses que, antes mesmo do processo colonizatório, já nutriam nossos povos originários e ainda hoje figuram como uma das principais fontes de receitas da culinária brasileira; de Casas de Farinha como a da Maria Rosa, ao beijuzinho com manteiga do café na casa dos Avós, à cafés e restaurantes especializados em tapiocas.
No site do DCC, Mari nos conta em detalhes como esse processo é feito, sob o olhar e paladar atentos de uma cozinheira apaixonada por comidas da terra. As imagens são minha contribuição para dar corpo a essa narrativa que fala sobre um dos meus alimentos favoritos, essa raiz que é considerada por muitos a rainha do Brasil. São também a minha forma de convidar a uma reflexão sobre como temos nutrido nossos corpos e relações e prezamos pelo orgânico.